sábado, 31 de janeiro de 2015

Salvador não é o único caso de Consórcio-empresa

Não é comum consórcios se transformarem em empresas. O normal é que consórcios sejam formados por empresas isoladas que cooperam juntas em uma atividade, similarmente o que acontece com as joint-ventures. Mas Salvador optou por transformar os consórcios em empresas, já que boa parte delas pertenciam a mesmos donos.

Erramos ao dizer aqui no site que o caso de Salvador era inédito. Tínhamos esquecido que outra cidade, de outro estado, havia lançado mão de transformar consórcio em empresa: Macaé, no Rio de Janeiro.

A Macaé SIT, Sistema Integrado de Transporte, ou simplesmente SIT Macaé, como é conhecida, é um consórcio que se transformou em uma empresa com a fusão das empresas Macaense (do grupo 1001/JCA) e Líder (do grupo Guanabara/Jacob Barata). As duas proprietárias acabaram administrando juntas a nova empresa, que se tornou a única a operar na cidade.

A principal vantagem em transformar consórcio em empresa se observa nas partes administrativa e operacional, tornando o sistema mais organizado do que se fossem apenas consórcios. Fica mais fácil para as autoridades entrarem em contato com as empresas, ao mesmo tempo que não fica rompida a relação direta empresa-passageiro, que conhecendo a empresa-consórcio, pode entrar em contato com ela para resolver problemas com maior rapidez. 

Na maioria dos sistemas, os passageiros tem que recorrer a prefeituras para resolver problemas de transporte, o que pode gerar problemas de tempo e depender da boa vontade das prefeituras, já que a resolução de alguns problemas pode não ser de interesse das gestões.

Em Salvador, onde existiam muitas empresas para poucos donos, houve a iniciativa de fusão. Como em Macaé, a transformação de consórcios em empresas tem dado certo, provando que a medida traz organização e principalmente, transparência na operação dos sistemas de transportes. Transparência que não é vista sequer no "melhor sistema do país", que é o sistema de Curitiba.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Muitas empresas para poucos donos: o motivo que obrigou a fusão das empresas

Muita gente, sobretudo entusiastas, ainda não entendeu como funciona o sistema Integra. Muitos pensam que funciona igual ao Rio de Janeiro, com empresas unidas aleatoriamente em consórcios, mas operando individualmente, sendo o sistema apenas uma forma de formalidade. Não é assim que funciona na capital baiana.

Em Salvador, a prefeitura optou por algo inédito. Reunir as empresas não apenas em consórcios, mas em empresas mesmo, com razão social e CNPJ próprios. Até o código numérico ficou um para cada, dando a entender que na operação, as empresas não existem mais. Na verdade elas foram reduzidas a meras administradoras das novas empresas. É meio complicado de entender, por ser algo inédito, mas é assim que está acontecendo em Salvador.

Isso se deu porque na capital baiana havia muitas empresas para poucos donos. Muitas empresas eram divisões de uma só, operando separadamente, mas funcionando internamente como a mesma empresa.

Outra coisa: as empresas, mesmo as de donos diferentes, eram unidas, funcionando juntas em algumas situações. Quando uma empresa para, por algum motivo, outras emprestam seus carros para operação. Algumas empresas ajudam outras na manutenção. E ainda tem a frota reguladora, onde várias empresas colocam carros nas linhas quando a titular se encontra em dificuldades de operação, sobretudo quando há engarrafamentos ou demanda superior a quantidade de carros as linhas.

Portanto, não é estranho que tenha havido fusões entre empresas em Salvador. A prefeitura entendeu organizar melhor o sistema com esta atitude, deixando claro para a população que empresas de mesmo grupo eram na verdade uma só. A Ótima Transportes, envolve empresas de vários donos, mas cada dono possuía mais de uma empresa dentro do mesmo consórcio. O que também mereceu uma fusão. Até porque algumas integrantes da Ótima têm garagens próximas.

Então ficou assim: os três consórcios são também empresas. Elas fundiram para que pudessem ser melhor administradas e que possam servir melhor a população. Isso favorece com que carros de uma das antigas empresas possam fazer linhas de outras, como foi observado na operação da própria Ótima.

Só esperamos que essa organização toda, com o tempo, signifique melhorias reais no sistema Integra, pois até agora presenciamos o mais do mesmo, sem mudanças substanciais na qualidade na operação do sistema, limitadas à pintura, à forma de entrada e à compra de carros novos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Entenda como funciona o sistema Integra

Uma polêmica que tem aparecido nas redes sociais é sobre como funciona o sistema Integra, que começa a rodar hoje na capital baiana. Muita gente ainda não percebeu que o que acontece no sistema de ônibus de Salvador é bem diferente do que aconteceu nas outras capitais. 

Por isso, a equipe Omni-BA resolveu criar uma postagem para explicar como funcionará o Integra, com base no que foi anunciado em declarações de secretários de transporte e em dados colhidos pela internet. Bom, vamos lá.

Para facilitar o entendimento,devo lembrar que desde a década de 90 para cá, o sistema de ônibus em Salvador era controlado por oligarquias. Ou seja, muitas empresas para poucos donos: famílias repartiam entre parentes diferentes os controles das empresas. Na verdade eram vários nomes de fantasias diferentes, cada uma com seu CNPJ, para o que de fato era cada empresa única.

A secretaria de transportes entendeu que isso era uma bagunça e decidiu dar um basta: a licitação obrigaria as empresas de mesmos donos a se reunirem em cada consórcio. Muitos pensaram que era coincidência, mas na verdade escondia um propósito: não apenas reuni-las em consórcio como fundi-las em apenas três empresas, diferentemente do que aconteceu nos outros sistemas, divididos em consórcios, mas com operação e cadastro individual das empresas.

Essa decisão só foi anunciada após o resultado da licitação, transformando os consórcios em empresas. Falou-se até em cancelamento dos CNPJs das empresas existentes, dando a entender que de fato, a capital baiana iria possuir apenas três novas empresas. Conhecendo o hábito soteropolitano de extinguir e criar empresas, sem empresa tradicional, faz muito sentido.

As novas empresas até ganharam CNPJs novos, uniformes e razão social próprios. Ficaram assim:

- PLATAFORMA TRANSPORTES - Cidade Baixa e Subúrbio (Cor Amarela) - Grupo Gevan;
- ÓTIMA TRANSPORTES - Miolo: importantes bairros residenciais (Cor Verde) - Grupo Vibemsa;
- SALVADOR NORTE TRANSPORTES - Centro e Orla (Cor Azul) - Grupo Misto.

OBS: Grupo Vibemsa: nome dado pelos entusiastas, pois é formado pelas empresas derivadas da antiga empresa Vibemsa, dividida em 1991; Grupo Misto: inclui empresas de vários donos, que possuem mais de uma empresa deste grupo. Mesmo assim, foram obrigados a se fundir e atuarão conjuntamente.

Até mesmo os uniformes foram mudados para se adaptarem as novas empresas. A infra-estrutura das empresas existentes se mantém intacta, com a diferença que atuarão em conjunto. 

Aliás, atuar em conjunto era uma coisa que já acontecia na prática, pois as empresas costumavam fazer manutenção, operar e até guardar nas garagens umas das outras. Até linhas faziam em conjunto, como se observa na Frota reguladora ou quando uma das empresas deixa de circular por algum motivo.

Desta vez a prefeitura resolveu disciplinar essa união entre empresas realizando a fusão delas em três novas grandes empresas-consórcios. 

Espero que eu tenha sido claro. E sejam bem vindas as novas empresas, Ótima, Salvador Norte e Plataforma!!!